terça-feira, 5 de julho de 2016

ALUNOS DE PPT ORGANIZARAM JANTAR INTERNACIONAL

Fotos: Eduard Shyan
Cerca de meia centena de alunos do curso de Português Para Todos organizou na passada semana (29 de junho) um jantar internacional, dando a conhecer algumas das especialidades gastronómicas dos seus países de origem.

O jantar, que teve lugar na Cantina da Secundária João Gonçalves Zarco, contou com a presença de vários professores desta escola, bem como de amigos e familiares dos alunos de PPT, além dos funcionários que diariamente com eles convivem.

À vista de todos destacou-se o colorido dos pratos, das diversas bandeiras nacionais e dos trajes envergados orgulhosamente por algumas alunas do Nepal, que não desperdiçaram a oportunidade para partilhar com os colegas a beleza e riqueza cultural do seu país.

Na longa mesa que se enfeitou para este evento não faltaram os bolinhos de bacalhau de Portugal, o vinho do Porto, o vinho alentejano, a broa minhota, o feijão-frade com molho verde, ou os pastéis de Vouzela.

Da Rússia chegou o famoso Golubtsi, sem esquecer o não menos famoso caviar ou o «zefir» (doce semelhante ao «suspiro»). Da Ucrânia, vieram o sabor do pato com maçã, o pimento recheado, a salada «olivier» (mais conhecida, entre nós, como «salada russa»), a salada de beringela, os bolinhos de frango com queijo ou os crepes com queijo.

Por seu turno, e de não muito longe, chegaram a «Shopska Salata», uma salada búlgara (que mistura tomate, pepino, pimento verde, salsa, cebola, queijo «feta», sal e azeite) e as «princesas» (pão com carne picada e queijo) e uma receita de curgete com molho de iogurte e alho.

Do Peru, pôde provar-se a famosa «Causa peruana de frango», bem como um cocktail devidamente preparado pelo Jose Luis.

Os sabores e aromas da comida asiática tiveram um papel de relevo, em especial a cozinha nepalesa, com o arroz doce («Kheer»), a «Chicken Curry», a salada de pickles ou o refrescante «Mango Lassi».

Da Índia chegou-nos o «Gulab Jamun» (doce muito apreciado nos países do sudeste asiático) e da Tailândia uma receita de frango com caril  (Kai Yang) e a salada de soja (uma salada picante, chamada de «Larb»). Por sua vez, os alunos bangladeshianos brindaram os presentes com o célebre «Biryani» (prato de arroz típico, à base de carne de vaca, cebola, alho, caril, gengibre, malagueta, tomate e açafrão).

Os alunos chineses partilharam, também, algumas das iguarias que tornaram a sua cozinha mundialmente famosa, como os minicrepes, as chamuças chinesas (com recheio de caranguejo), as costeletas, ravioli, o doce de jujuba ou o chá chinês.

Como não podia deixar de acontecer, a música acompanhou a degustação dos diversos pratos, música oriunda do folclore de cada país ou região representados neste jantar. E da música para a dança foi só um pezinho!

Para o final estava reservada uma surpresa mais: um bolo de grandes dimensões, oferecido pela Theresa Candeias, que não quis deixar (em nome da sua turma de PPT) de expressar o seu agradecimento à Escola Secundária João Gonçalves Zarco pela oportunidade de ter aprendido Português e de ter conhecido novos amigos.

Nas muitas selfies e fotografias de grupo que se foram fazendo ao longo da noite, o sentimento geral era de orgulho e de satisfação, sentimento esse que se estendeu ao Coordenador do curso, professor João Ricardo Lopes, que deixou palavras de elogio e de agradecimento a todos, «pela forma carinhosa, empenhada e extraordinária com que se entregaram à preparação e organização do jantar».  

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sábado, 25 de junho de 2016

COMO VAI UMA BÚLGARA PARA PORTUGAL?

Centro de Kazanlak (foto daqui)
O meu nome é Nina. Tenho 27 anos e sou da Bulgária. Nasci em Kazanlak. É uma cidade conhecida como “cidade das rosas”, porque nela se produz óleo de rosa. Para se produzir 1 quilo de óleo de rosa são precisas 2 a 3 toneladas de rosa damascena. Também temos uma fábrica de armas, chamada “Arsenal”, onde são é feita a AK 47 (mais conhecida como Kalashnikov). Por isso, eu gosto de lhe chamar “Guns N' Roses”.

Em Kazanlak temos um túmulo trácio, que faz parte do património mundial da UNESCO e há outras ruínas antigas perto da cidade. O meu pai é um ex-militar. Agora é professor numa escola secundária e dá cursos de condução. A minha mãe é gerente de um supermercado. Tenho uma irmã dois anos mais nova que eu. Sinto muitas saudades da minha família e do meu cãozinho também.

Quando tinha 19 anos, saí de casa e fui estudar em Varna, uma cidade grande no Mar Negro. Eu sou muito trabalhadora e sempre trabalhei para pagar os meus estudos. No primeiro ano do meu mestrado, decidi participar no programa Erasmus. Ganhei uma bolsa de estudos para Koper, na Eslovénia, uma cidade linda no Mediterrâneo. Ali conheci o meu ex-namorado, o Gonçalo, um rapaz português muito inteligente e cuidadoso. Ele estava a estudar Psicologia. Nós começámos a fazer planos para continuar a nossa relação depois do Erasmus. Ele disse-me que havia a oportunidade de fazer um estágio na faculdade dele (o ISMAI) e eu consegui ganhar mais uma bolsa de Erasmus e vim para Portugal.

Festival da rosa damascena (foto daqui)
Mas quando uma princesa encontra o seu príncipe nem sempre tudo é como nos contos de fadas. Foi diagnosticado ao Gonçalo o Sarcoma de Ewing, um tumor maligno muito raro nos ossos. Eu estive sempre ao lado dele. No início tinha a perspetiva de que tudo ia correr bem. Ele fez quimioterapia e, logo depois, cirurgia. O médico disse que a cirurgia tinha sido um sucesso, mas na realidade foi um erro enorme. No Natal recebemos a pior prenda possível: o cancro já estava no corpo todo.

Regressei à Bulgária só para fazer alguns exames na Faculdade e voltei a Portugal para cuidar do Gonçalo. Ele era um rapaz muito forte e calmo. Comecei a dormir numa cadeira no quarto dele, no Hospital de Santo António. Passei os últimos meses da sua vida junto dele. No dia 12 de junho, uma nova estrela começou a brilhar forte no céu.

Foi uma etapa muito difícil para mim e para a sua família, mas também para a minha família. A mãe do Gonçalo pediu-me ficar em casa dela, pelo menos nesse verão. Eu arranjei um emprego no NorteShopping, onde estou a trabalhar ainda. Comecei a aprender português falando com os clientes. O primeiro ano correu com muita dificuldade. Mas a vida continua…


Túmulo trácio de Kanzalak (foto daqui)
Entretanto, encontrei muitas amigas aqui. Comecei a fazer ginásio, coisa que odiei toda a vida, mas que agora me faz sentir calma e relaxada. Já há um ano que não falto ao ginásio e estou muito orgulhosa com isso. Perdi uns 15 quilos, que tinha ganho aqui. Já passaram dois anos desde ele partiu. Eu ainda moro com mãe dele, mas para futuro quero ter uma casa minha e um emprego melhor.

Às vezes, a nossa vida segue numa direção muito diferente da que pensávamos seguir. Eu nunca imaginara viver em Portugal. Não tinha sequer o objetivo de sair da Bulgária. Ainda não sei se vou continuar a viver cá, mas Portugal vai estar sempre no meu coração.

Nina Petrova Gancheva 

quarta-feira, 22 de junho de 2016

DA CRIMEIA PARA PORTUGAL

Castelo da Crimeia (foto daqui)
O meu nome é Lyudmila e tenho 39 anos. O meu marido é o Sergiy e tem 40. Ambos fazemos parte da mesma turma de Português. Vivemos em Leça da Palmeira, num apartamento relativamente próximo da igreja. Estamos casados há 22 anos e temos dois filhos, ambos rapazes... O Dimitry, que vai fazer 21 anos, e Diniz, que tem 7. 

Somos oriundos da Crimeia, de Feodósia, uma terra que outrora pertenceu à Ucrânia, mas que neste momento é território russo. Feodósia também fica relativamente próxima do mar (do Mar Negro e de Azov). Portanto, estamos habituados a viver próximos da praia.  

Crescemos numa aldeia. Vivemos sempre uma vida bastante humilde, simples e tranquila. Acabamos por crescer mais rápido do que o habitual por todo o tipo de responsabilidades que tínhamos lá e porque a nossa infância foi muito diferente da que tentamos proporcionar aos nossos filhos.  

Um pouco infelizes com a nossa vida, e na expetativa de tentar melhorá-la, decidimos imigrar para Portugal. Portugal era um país que recebia bastantes imigrantes e a qualidade de vida era superior à que tínhamos lá...

Já passaram 15 anos desde que viemos. Na altura, as coisas eram mais complicadas e deixámos o nosso filho mais velho com a avó, para que pudéssemos trabalhar a tempo inteiro sem ter a preocupação de tomar conta dele e porque, de certa forma, queríamos que ele tivesse pelo menos a mesma educação que nós: aprender a respeitar e a dar valor às pequenas coisas. Quando ele fez 11 anos, a nossa vida já estava razoavelmente endireitada para termos a oportunidade de o trazer para junto de nós.  
Crimeia (foto daqui)

Sem ele parecia que o tempo custava a passar, sentíamos imensas saudades e ansiávamos pelo dia em que finalmente tivéssemos o suficiente para que ele pudesse vir também.

Eu e o meu marido trabalhámos imenso e já passámos por bastantes dificuldades. No entanto, havia sempre alguém que nos dava ânimo para continuarmos a acreditar e nos ajudava a progredir. Com a nossa vontade de viver, e por tudo o que conseguimos alcançar, nasceu o nosso segundo filho, Diniz, e a vida prosseguiu... 

Hoje continuamos a fazer os possíveis para ajudar os nossos filhos, para que eles tenham uma vida melhor que a nossa. O Dimitry sabe a nossa língua, porque foi lá que cresceu. A mudança para cá foi um pouco complicada para ele: era tudo novo e não consigo sequer imaginar o que ele sentiu por ter de lidar com a diferença... Com o tempo ele encontrou outros imigrantes do nosso país, o que o ajudou a integrar-se em Portugal. Já o Diniz nasceu cá, tem nacionalidade portuguesa, mas anda na escola russa aos sábados, para que não esqueça a sua origem.  

Praia da Crimeia (foto daqui)
Em agosto planeamos ir à nossa terra, passar férias, aproveitar a altura do ano que faz mais calor e recordar o nosso mar lindo, os verões de antigamente (quando as coisas eram quando não tínhamos nada do que temos agora).  

Resumidamente, a nossa vida deu muitas voltas e neste momento estamos bastante felizes com o que possuímos. Tudo correu pelo melhor!

Lyudmila Kvastikova 

quinta-feira, 16 de junho de 2016

UM BANGLADESHIANO EM PORTUGAL

Bandeira do Bangladesh
O meu nome é Mohammad Foyez Alam e sou bangladeshiano. A capital do meu país é Dhaka. O Bangladesh situa-se na Ásia, ao lado da Índia e de Myanmar. O tigre é considerado o nosso animal nacional (só pode ser encontrado em Soundarban) e o sabor do hilsa ilisha, o nosso peixe mais importante, é conhecido em todo o mundo pelo seu sabor. Padma é o maior rio do país e a praia de Cox Bazar, a maior do mundo, também fica no Bangladesh.

Dhaka (foto daqui)
Eu vivo em Portugal desde 2011. Este é um país pequeno, mas bonito. A cidade do Porto, onde eu moro, é histórica. As suas principais atrações são a Sé Catedral, a Ponte D. Luís e o Rio Douro. Ela é famosa, sobretudo por causa do vinho do Porto, célebre em todo o mundo.

Não é fácil aprender uma língua nova. Mas agora eu posso falar melhor do que antes. Os portugueses são um povo simples e pronto para ajudar a falar a sua língua. Eu tenho de ir à escola dois dias por semana para aprender Português. As aulas são muito úteis e o professor é bom.

Praia de Cox Bazar (foto daqui)
Agora estou a trabalhar numa loja de turismo no Porto. Vivemos quatro amigos num apartamento. Gosto de cozinhar e de passar os fins de semana com os amigos. Também gosto de assistir aos filmes no cinema, de ir à praia e de ir aos centros comerciais.

O meu desejo é visitar a minha família. Gostava de a ter perto de mim. Mas agora não é fácil obter documentos na Europa. Portugal deu-me essa oportunidade e eu estou muito agradecido a este país. Quero tudo de bom para Portugal!


Mohammad Foyez Alam 

segunda-feira, 13 de junho de 2016

MÚSICA PORTUGUESA




«CIRCO DE FERAS» - XUTOS E PONTAPÉS & CAMANÉ
A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita

Nunca dei um passo 
Que fosse o correto
Eu nunca fiz nada 
Que batesse certo. 

E enquanto esperava, 
No fundo da rua
Pensava em ti 
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto!

De modo que a vida 
É um circo de feras
E os entretantos 
São as minhas esperas

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti 
E em que sorte era a tua,
Quero-te tanto
Quero-te tanto 
!
Versão áudio

quinta-feira, 9 de junho de 2016

ALUNOS DE PPT VISITARAM BIBLIOZARCO

A BIBLIOZARCO recebeu na passada segunda-feira (dia 6) e na terça (dia 7) os alunos das turmas de Português Para Todos (PPT) da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, dois encontros que permitiram explorar um pouco mais a realidade multicultural deste curso e dar a conhecer o espólio bibliográfico, o espaço e as atividades da nossa Biblioteca Escolar.

Orientados pela professora Teresa Frada e pelo professor João Ricardo Lopes, os alunos procederam a uma breve apresentação pessoal, a que se seguiu a leitura e audição do conto «Parábola dos Sete Vimes», retirado da antologia Os Meus Amores de Trindade Coelho (ler o conto aqui). Cada um dos presentes pôde explicar a importância da solidariedade, indicando a partir das respetivas línguas maternas provérbios equivalentes ao nosso «A união faz a força».

A presença no espaço físico da BIBLIOZARCO foi aproveitada pela professora bibliotecária para explicar sucintamente o funcionamento do sistema CDU (classificação decimal universal) e para convidar os alunos estrangeiros a deambular pelas várias estantes e conhecer os livros aí existentes.

No final, foi endereçado o convite para uma nova visita e oferecido um marcador de livros a cada aluno.

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quarta-feira, 1 de junho de 2016

CHÁ MULTICULTURAL

Turma 1
As turmas 1 e 2 do curso de Português Para Todos (PPT) da Escola Secundária João Gonçalves Zarco dinamizaram, respetivamente, nos dias 18 e 24 de maio último um «chá multicultural», sessões de convívio e de partilha de sabores a partir da ideia de fazer acompanhar um chá com doces e acepipes dos vários países de origem dos alunos (África do Sul, Bangladesh, Bulgária, China, Estados Unidos da América, Índia, Nepal, Peru, Rússia, Tailândia, Ucrânia e Venezuela).

Turma 2
Ambos os momentos constituíram uma excelente oportunidade para todos se conhecerem um pouco mais, publicitando a sua gastronomia nacional e, nalguns casos, o ofício a que se dedicam profissionalmente. Mesas coloridas e perfumadas, boa disposição e muito orgulho ficaram no registo das nossas memórias.


Foi também um ensaio geral para o jantar internacional, que terá lugar no próximo dia 29 de junho, na Cantina da nossa escola.

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